Depressão na Adolescência





























 

Introdução


O presente trabalho abordará, como construto, a depressão na adolescência - Transtorno Depressivo Maior (TDM). Assim, podemos ressaltar que sentir-se deprimido é algo que só quem passa, pode ter ideia de como é desagradável e doloroso. 

Não é uma questão de estar triste por fatores externos, é um sentimento de estar fora do lugar ou um descontentamento tal com sigo e a vida, que nada de agradável que aconteça traz satisfação. O adolescente se sente desmotivado, sem energia, sem vontade de estar com outras pessoas. Aliando-se a isso o desespero, o sentimento de culpa, a desconfiança, a desesperança e a exaustão física e mental.

De acordo com Poubel e Rodrigues (2019), quando um adolescente é diagnosticado com transtorno depressivo, observa-se um funcionamento em que ele vem se desconectando de fontes de prazer, gratificação e realizações em diferentes dimensões da vida. Sejam: pessoal, recreativa, existencial, material, interpessoal e ocupacional. Referente a isso, os autores descrevem:

  

Depressão é diferente de tristeza. A tristeza é situacional, como a perda de algo precioso ou quando nos decepcionamos com alguém. Já o caso da depressão é bem diferente, pois a infelicidade é abrangente. Ela é crônica, pois o indivíduo se distancia e fica desamparado em algumas (depressão específica) ou em todas as dimensões da vida (depressão generalizada). Podemos citar como exemplo o seguinte caso: Alguém pode se sentir “travado” especialmente na dimensão ocupacional, que engloba seu crescimento em competências, produtividade, cargos, carreira e conquistas relacionadas. Nesse caso, a pessoa se sente estagnada profissionalmente e não encontra formas de evoluir. (POUBEL; RODRIGUES, 2019, p. 54).

 

Os autores continuam relatando que, da mesma forma, na dimensão pessoal, pode não ver em si qualquer característica boa, apreciável ou agradável. Ele pode ter a autoestima alicerçada somente na aparência, como a mídia predominantemente modela. Então, quando ele se pergunta o que tem para ser gostado e admirado, sente-se frustrado pelo restrito alicerce de sua autoestima. Não gosta de ser quem é, não vê valor em si e, nesse sentido, formula pensamentos autocríticos e autoconceitos negativos (por exemplo: sou fracassado, chato, solitário, inútil, incompetente, incapaz etc.). o desamparo pode ser sinalizado por pensamentos autodepreciativos conjugados com raciocínios desesperançosos de que “não há nada que se possa fazer para mudar e melhorar a minha vida” (POUBEL; RODRIGUES, 2019). 

Com isso, esse transtorno é visto, atualmente, como “O Mal do Século”, assolando muitos adolescentes, de todas as idades, por todo o mundo. Assim, nosso intuito é contribuir com acolhimento e ajuda para o autoconhecimento e criação de mecanismos que empoderem o indivíduo a mudar a maneira de viver para buscar maior satisfação em sua vida diária através de sua comunidade. Da mesma forma, um trabalho de apoio junto às famílias é essencial. 

Ademais, podemos destacar que o Transtorno Depressivo Maior (TDM) é descrito, segundo o DSM-V (Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais) como sendo “ ocorrência de um ou mais Episódios Depressivos Maiores (EDM), sem histórico de Episódios Maníacos, Hipomaníacos ou Mistos (American Psychiatric Association [APA], 2000). Os EDMs são marcados pela presença de sintomas emocionais, cognitivos, físicos e comportamentais (Khandelwal, 2001 apud Camargo e Andretta, p.26).  

Após o citado, podemos destacar pelo menos cinco sintomas, entre eles, pelo menos um deles é humor deprimido (ou irritável em adolescentes) e diminuição do prazer e, além dos citados, enquadrar-se em pelos menos quatro dos sintomas descritos a seguir:


  • Quando a pessoa perde ou ganha peso em excesso;

  • Cansaço extremo, fadiga, perda de ânimo;

  • Tanto o surgimento de insônia ou sonolência excessiva;

  • Sentimento de culpa, inutilidade, sendo de forma inapropriada;

  • Capacidade diminuída para pensar ou se concentrar, ou indecisão;

  • Pensamentos recorrentes a respeito de morte, ideação suicida (com ou sem plano de realizá-lo).


Com isso, podemos apontar que se caracteriza por episódios de pelo menos duas semanas de duração. O paciente apresenta alterações no afeto e cognição. Sabendo isso, percebemos que entre os adolescentes, “a depressão é apontada como o distúrbio psicológico mais incidente e está relacionada com ideação suicida” (Beesdo, Pine, Lieb, & Wittchen, 2010; Jerrell, McIntyre, & Tripathi, 2010; Moreira & Bastos, 2015; Wilcox et al., 2010 apud Reppold, Gurgel e Hutz, p.22).

É evidente a importância de se fazer uma avaliação para esses casos. Mas antes, definiremos o que é Avaliação Psicológica. Trata-se, portanto, segundo o Conselho Federal de Psicologia, na Resolução nº007/2003, como um processo técnico científico de coleta de dados, estudos e interpretação de informações a respeito dos fenômenos psicológicos, o qual pode fazer uso de estratégias psicológicas, assim como métodos, técnicas e instrumentos. Segundo Reppold, Gurgel e Hutz (2016): 


[...] há  escassez de instrumentos para avaliação de sintomas de transtornos de humor em adolescentes. Portanto, objetiva-se apresentar a construção e evidências de validade de construto e convergente da Escala de Humor para Adolescentes brasileiros. Para a elaboração dos itens, entrevistaram-se oito profissionais da área da saúde e 24 adolescentes. Para a busca de validade, a amostra foi de 1093 participantes (idade média = 14,4), 54% mulheres. Aplicaram-se as Escalas Beck de Depressão, Desesperança e Ideação Suicida. As análises fatoriais exploratórias extraíram três fatores (humor deprimido, bem-estar subjetivo e mania e risco de suicídio). A escala foi composta por 79 itens e variância total explicada de 27,65%. Houve diferença significativa entre os sexos no terceiro fator. Em relação à idade, houve interações significativas no fator mania e risco de suicídio. Os três fatores apresentaram correlações significativas com as escalas de depressão e de desesperança. Os resultados indicam evidências de validade de construto e convergente da Escala de Humor para Adolescentes (Reppold, Gurgel e Hutz p. 21).


Ainda de acordo com os autores: 


[...] no Brasil, os principais instrumentos para avaliação do humor deprimido entre amostras juvenis são o Inventário de Depressão Infantil, adaptado para amostras adolescentes por Reppold e Hutz (2003); Escalas Beck de Depressão, Desesperança e Ideação Suicida (Cunha, 2001), indicadas para uso clínico em pacientes a partir dos 17 anos de idade; e Escala Baptista de Depressão Infanto-Juvenil (Baptista & Cremasco, 2013), composta por 50 itens que objetivam avaliar os sintomas depressivos em crianças e adolescentes, por meio de escala do tipo Likert, de zero a dois. Em função da necessidade de aprimoramento do instrumental utilizado para avaliação clínica específica do humor da população adolescente, o objetivo do presente estudo é apresentar a construção e busca de evidências de validade baseadas na estrutura interna e convergente da Escala de Humor para Adolescentes brasileiros. (Reppold, Gurgel, Hutz, 2016, p. 23).


Perguntas para a composição do instrumento avaliativo:


A seguir, citaremos possíveis perguntas objetivas para criação do instrumento avaliativo referente à depressão na adolescência.


Conte como se sente quando você ao se encontrar numa situação estressante: 


Achei muito difícil me acalmar

(      ) sempre

(      ) com frequência

(      ) algumas vezes

(      ) nunca 


Vivenciei sentimento negativos

(      ) sempre

(      ) com frequência

(      ) algumas vezes

(      ) nunca 



Senti tremores e falta de ar 

(      ) sempre

(      ) com frequência

(      ) algumas vezes

(      ) nunca 


Entrei em pânico

(      ) sempre

(      ) com frequência

(      ) algumas vezes

(      ) nunca 


Senti-me sem ânimo

(      ) sempre

(      ) com frequência

(      ) algumas vezes

(      ) nunca 




Senti que estava emotivo/sensível demais

(      ) sempre

(      ) com frequência

(      ) algumas vezes

(      ) nunca 


Senti que a vida não tinha sentido 

(      ) sempre

(      ) com frequência

(      ) algumas vezes

(      ) nunca 


Bibliografia


POUBEL, Lincoln; RODRIGUES, Pedro. Manual Cognitivo-Comportamental de Habilidades Psicológicas. 2 Ed. Rio de Janeiro: Letras e Versos, 2019. 


MENDES, Lorena Samara Mendes; NAKANO, Tatiana de Cássia; SILVA, Izabella Brito; SAMPAIO, Maria Helena de Lemos. Conceitos de avaliação psicológica: conhecimento de estudantes e profissionais. Artigo. Programa de Pós-Graduação em Psicologia da PUC-Campinas, 2013. Disponível em:

https://www.scielo.br/j/pcp/a/qM4WswyRMwvVqzJm7PYHZdc/?lang=pt. Acessado em 26 set. 2021


REPPOLD, Caroline Tozzi; GURGEL, Léia Gonçalves; HUTZ, Léia Gonçalves. Escala de Avaliação de Humor para Adolescentes: evidências de validade. Arquivos Brasileiros de Psicologia; Rio de Janeiro, 68 (2): 21-30. Disponível em: 

http://pepsic.bvsalud.org/pdf/arbp/v68n2/v68n2a03.pdf. Acessado em 26 set. 2021.


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