Transtorno do Espectro Autista – Um pouco de sua História
O termo “autismo” tem
origem no grego “autos” que significa próprio/eu e “ismo”, que traduz
“um estado ou orientação”. Dessa forma, autismo se resume a uma “orientação
para o eu”; assim, em outras palavras, trata-se de uma condição ou estado de
alguém que aparenta estar invulgarmente absorvido em si próprio, podendo,
também, referir-se à expressão “voltar-se para si”.
A primeira experiência registrada
sobre um menino com tais características fora datada no ano de 1800, onde
descreve relações médico-pedagógicas entre o médico francês Jean Itard e um
garoto encontrado nas florestas do Sul da França. Este menino, encontrado nu e
cheio de cicatrizes, nos bosques de Aveyron (no ano de 1798), convivia com uma
alcateia de lobos, isolado dos seres humanos e ficou conhecido como Victor de
Aveyron. Ele apresentava traços autistas, tais como: estereotipias,
dificuldades na interação social e ausência de imaginação (ITARD, 2011;
MARQUES, 2000; FRITH, 1993).
Plouller, ao estudar
doentes esquizofrênicos, em 1906, introduz o adjetivo autista na
literatura psiquiátrica. Um ano depois, o médico psiquiatra suíço Euger Bleuler
cria o termo autismo para designar “o ensinamento psicótico do sujeito no
seu mundo interior”; em outras palavras, a perda de contato com a
realidade, devido à grande dificuldade ou impossibilidade de comunicação
interpessoal (OLIVEIRA, 2009). Por conseguinte, esse termo foi utilizado pela
primeira vez em 1911 para fazer referência a um dos quatro critérios que era
utilizados como parâmetro para o diagnóstico da esquizofrenia. Este critério
relacionava-se a indivíduos que viviam voltados para si mesmo, recolhidos no “seu
mundo”, apresentavam tendências a isolamento e dificuldade de comunicação
(PAULINHO, 2015, p. 05; STELZER, 2010).
Mélanie Klein, uma
psicanalista austríaca, descreveu o caso de uma menina que quatro anos de idade
que apresentava sinais vermelhos para autismo, o qual se tratava de um caso
distinto das crianças psicopáticas das quais tratava (KLEIN, 1960). Em 1930,
ela realizou a primeira observação clínica conhecida de uma criança com autismo,
mesmo o laudo médico não estar fechado quanto a esse transtorno em questão
(FRAYSSINET, 2012).
Em 1943, o psiquiatra
austríaco Leo Kanner, publicou o artigo “Os distúrbios autísticos de contato
afetivo” (do inglês Autistic Disturbances of Affective Contact) e
denominou o autismo de “autismo infantil precoce”, após observar 11
crianças que apresentavam isolamento social e afetivo, estereotipias, ecolalia
e aderência a rotina. Diferente de Bleuler, ele acreditava que esse conjunto de
sinais estava mais ligado a uma doença específica e não a esquizofrenia (DIAS,
2015, p. 308; JÚNIOR E KUCZYNSKI, 2018).
Kanner descreveu os
autistas como tendo dificuldades em desenvolver relacionamentos (dificuldades
de interação com pessoas, manifestar mais interesse em objetos do que pessoas),
atraso na aquisição de linguagem, uso da linguagem falada de forma não
comunicativa (não conseguem usar as palavras numa conversação adequada),
ecolalia retardada, inversão pronominal (por substituir “eu” por “tu”),
atividades repetitivas e estereotipadas, manutenção do ambiente inalterado
(ficam nervosas ao presenciarem alterações em seu ambiente físico), boa
memória, aparência física normal (AARONS; GITTENS, 1992). Com o passar do
tempo, ele reduziu tais afirmativas a dois aspectos, sendo: manutenção do “sameless”
(insistência obsessiva em repetição) e o isolamento (PEREIRA, 1999). Além
disso, Kanner, também, sugeria que o autismo tinha como causas a relação entre
crianças e seus pais, isso porque ele considerava que a frieza afetiva das mães
com seus filhos era a causa do autismo. Anos mais tarde, ele foi em público
retirar essas hipóteses, afirmando que as causas do autismo não tinham cerne na
díade materna (PEARCE, 2006 apud STELZER, 2010; SILVA, GAIATO E REVELES,
2010, p.112).
No ano de 1943, o psiquiatra
e pediatra austríaco Hans Asperger, apresentou o seu trabalho à comunidade
científica através de um artigo intitulado “Die Austistischen Psychopathen
in Kindesalter”. Em 1944, publicou o artigo “Psicopatologia Autista da
Infância” (em inglês Autistic Psychopathy in Childhood), nele
descreveu crianças com inteligência e linguagem normal, mas que tinham
comprometimento em habilidades sociais (STELZER, 2010, p.12). Asperger descreveu:
Comprometimento da interação social, da comunicação e padrões de
comportamento, de interesses e de atividades restritos e repetitivos [...].
Interesses específicos, fixação anormal, brincadeiras e movimentos
estereotipados e comportamentos ritualizados (PEARCE, 2006 apud STELZER,
2010, p.12).
Tanto Kanner quanto
Asperger escolheram o termo autismo para designar a perturbação que
estudaram (PEREIRA, 1999). Embora Kanner enfatizada a “solidão autista”
e a “insistência obsessiva em repetição” (sameless), ambos destacavam
distúrbios no contato social, estereotipias e habilidades especiais em
situações específicas (FRITH, 1993).
Ambos faziam uma distinção
entre a esquizofrenia e o autismo. Isso se dava referente a três aspectos
fundamentais, tais como: a possibilidade de melhoria dos seus pacientes; a
ausência de alucinações; e o fato dessas crianças apresentarem um
desenvolvimento perturbado desde os primeiros anos de vida, ao contrário de apresentarem
um declínio das suas capacidades após um período inicial de um desenvolvimento
normal, típico da esquizofrenia (OLIVEIRA, 2009).
O Grupo para avanço da
Psiquiatria, no final de 1960, considerou que o autismo pertencia ao grupo das
psicoses da primeira e segunda infância. Isso fez com que, na nona edição da
Classificação Internacional de Doenças, o autismo estivesse na classe de
psicose da infância. Esse conceito só mudou em 1976, quando Ritvo e Ornitz
declararam que o autismo era uma síndrome associada a um déficit cognitivo,
fazendo com que fosse incluído nos Transtornos do Desenvolvimento (GAP, 1966;
CID-9, OSM, 1975 apud JÚNIOR E KUCZYNSKI, 2018).
Como já citado, Leo
Kanner, que afirmou que havia “descoberto” uma nova patologia, em seu famoso
trabalho divulgado em 1943, intitulado “Autistic disturbances of affective
contact”, mostrou os resultados de uma pesquisa realizada com 11 crianças
que tinham em comum, segundo ele, isolamento extremo e desejo de preservação dele.
A origem dessa condição seria o resultado de uma relação fria entre o bebê e
seus cuidadores, propiciada sobretudo pela frieza e distância da mãe para com
seu filho. Frequentemente, o termo “mãe-geladeira” é atribuído ao psicanalista
Bruno Bettelheim, mas sem dúvida foi Kanner que inaugurou a frieza da mãe como
hipótese da causa do autismo, concepção que posteriormente foi apropriada por
diversos médicos, psicólogos e psicanalistas. Para proteger-se de críticas, Leo
Kanner classificou o autismo como inato, formulação não incorporada na teoria
de Bettelheim. Assim, o isolamento social levou-o a falar em “fortaleza vazia”,
uma espécie de muro que o autista constrói para manter fora os horrores que o
habitam (BETTELHEIM, 1997). Para ele, o autismo é essencialmente uma
perturbação da capacidade de “sair de si” e explorar o mundo. A criança tem que
desenvolver a sua autoconfiança por forma, a que se sinta suficientemente
segura para “sair de si” para o mundo, e entrar nele como participante ativo. Bettelheim
referia que os pais destas crianças com autismo inibiam o desenvolvimento deste
sentimento, por parte da criança. Esta ideia está na base da sua teoria da “mãe-
geladeira” (1967), defendendo a ideia de que as crianças se tornavam autistas como
uma resposta adaptativa a um ambiente ameaçados e não carinhoso por parte da
mãe (ROQUE OLIVEIRA, 2004).
Sabe-se que o primeiro
estudo epidemiológico sobre o autismo foi realizado por Victor Lotter, em 1966.
Margaret Malher, em 1968,
na sua obra “Psicose infantil” introduz a distinção entre “autismo
como síndrome” e o “retrato como defesa temporária” relativamente a
um estado psicológico resultante de experiência de separação em relação à mãe (FRAYSSINET,
2012).
Nos anos de 1970, Hingtgen
e Byson organizam as diversas teorias de causalidade do autismo em três tipos
essenciais, sendo eles:
1.
teorias não-orgânicas (ou experienciais);
2.
teorias orgânico-experienciais;
3.
teorias orgânicas.
As primeiras enfatizam e
destacam os fatores psicológicos como determinantes do processo
psicopatológico, resultado das interações do organismo com o meio-ambiente. Isso
significa que assumem que, ao longo da gestação e no início do seu nascimento,
a criança é normal, mas, por uma “deficiência relacional”, muitas vezes
provinda dos pais, em particular a mãe, como figura central à construção de
vínculos afetivos, podem surgir comportamentos inadaptados.
As segundas teorias podem
assumir algumas especificidades. Em algumas destas teorias, certas crianças são
percebidas como tendo lesões orgânicas apenas, e nas restantes teorias podem
ser biologicamente normal. Outras consideram a criança autista como
biologicamente deficiente, e os pais, não sendo “culpados” têm de dar um apoio
relacional específico à sua criança “vulnerável”.
Por último, as teorias “orgânicas
puras” consideram basicamente que o autismo é a expressão de uma anormalidade biológica.
O professor Michael Rutter
contribuiu consideravelmente para o conhecimento do autismo. Com isso, no
início dos anos de 1970, elencou um conjunto de critérios que deveriam ser
observados numa criança para que ela fosse considerada autista. Desta forma,
verificou a existência de variações em nível de inteligência e sugeriu que o
quociente de inteligência era tão relevante ara crianças autistas como para as
ditas normais. Isto é importante porque mostrou que nem todas as crianças
autistas como para as ditas típicas (normais), ou seja, mostrou que nem todas
as crianças autistas (atípicas) tinham um QI normal, como defendia Kanner
(AARONS, GITTENS, 1992). Assim, em 1978, propôs uma definição do autismo com
base em quatro critérios:
1.
atraso e desvio na comunicação não só como função de atraso
mental;
2.
problemas de comunicação, novamente, não excludente como
consequência de atraso mental;
3.
comportamentos estranhos, tais como movimentos estereotipados;
4.
início antes dos 30 meses de idade.
A definição de Rutter e as
contribuições de outros investigadores influenciaram a definição de autismo no
DSM-3, em 1980, quando o autismo foi reconhecido como sendo uma das Perturbações
Globais de Desenvolvimento. Este termo reflete a ideia que diversas áreas de
funcionamento são afetadas pelo autismo.
Elizabeth Newson, da
Universidade de Nottingham, alargou os critérios de Rutter, enquanto ele se referia
a “retraso e desvio no desenvolvimento a linguagem”, ela a “dificuldades
em todos os tipos de comunicação” o que inclui expressão facial e gestual. Todas
estas interpretações sobre o autismo mostram que esta perturbação não era
invariável e de fácil catalogação como outras, mas era um espectro de
dificuldades com certos tipos de possíveis sintomas (AARONS, GITTENS, 1992).
Em 1978, por meio dos
estudos da psiquiatra inglesa Lorna Wing, que a temática do autismo se
popularizou. Suas contribuições foram de extrema importância por ter sido a
primeira a descrever a tríade comportamental do autismo que aponta como eixos
sintomatológicos: alteração na sociabilidade, comunicação/linguagem e padrão
alterado de comportamentos. Essa descrição teve o objetivo de aprofundar a
ideia de que os sintomas relacionados aos três domínios supracitados, mesmo
podendo variar em sua intensidade e suas manifestações caracterizam as pessoas
com autismo. Com isso, realizou um estudo epidemiológico que permitiu concluir
que todas as crianças diagnosticadas com autismo apresentam uma tríade, como já
mencionada e a estes três sintomas deu-se no nome de “Tríade de Lorna Wing”
(MARQUES, 2000). Conforme cita Jordan (2000):
É esta a tríade que define o que é comum a todas elas,
consistindo em dificuldades em três áreas do desenvolvimento, mas nenhuma
dessas áreas, isoladamente e por si só, pode-se assumir como reveladora de “autismo”.
É a tríade, no seu conjunto, que indica se a criança estará, ou não, a seguir
um padrão de desenvolvimento anómalo e, no caso de se registrar uma deficiência
numa das áreas apenas, ela poderá radicar numa causa completamente diferente.
Deve-se, assim, a Lorna
Wing o reconhecimento internacional da síndrome de Asperger. Juntamente com a
médica Judith Gould, em 1979, Wing esteve na origem da criação da expressão “espectro
autista” e de propostas de diagnóstico e tratamento dos autistas, sem esquecer
o papel dos pais, tendo mesmo contribuído a criação das organizações de pais.
Uta Frith, psicóloga alemã,
em sua obra Autism: Explaining the Enigma demonstra não só a
complexidade do autismo bem como a sua origem biológica. Sua pesquisa abriu caminho
para uma teoria do déficit mental no autismo, ou seja, enquanto era membro da
Unidade de Desenvolvimento Cognitivo (CDU) em Londres, em 1985, publicou com
Alan M. Leslie e Simon Baron-Cohen o artigo A criança autista tem uma
"teoria da mente"?, que propôs que pessoas com autismo têm
dificuldades específicas para entender as crenças e desejos de outras pessoas.
Frith, junto com Alan Leslie e Simon Baron-Cohen, criou duas teorias do autismo,
sendo:
1.
“falta de mentalização implícita” - falta da capacidade de
conhecer o próprio estado mental;
2.
“coerência central fraca”, pela qual ela sugeriu que os
indivíduos com autismo são melhores do que o normal no processamento de
detalhes, mas piores em integrar informações de muitas fontes diferentes.
Frith foi uma das primeiras
neurocientistas a reconhecer que “o autismo é uma condição do cérebro e não
como resultado de uma paternidade fria”. Ela foi uma das primeiras no Reino
Unido a estudar a síndrome de Asperger, no CDU de Londres. Seu trabalho se
concentrou no desenvolvimento da leitura, ortografia e dislexia. Frith atacou a
teoria de que a dislexia estava ligada à falta de inteligência ou causada por
deficiência no reconhecimento visual.
Independentemente de todas
as teorias, parece ser consensual na comunidade científica, que está
absolutamente atestada qualquer “culpa” dos pais pelo autismo dos seus filhos.
Em suma, o autismo foi
descrito, no final da década de 1980, nos manuais médicos de classificação, sob
a denominação de Transtorno Autista. Antes disso, como já citado anteriormente,
o autismo era entendido de maneira psicodinâmica (esta abordagem buscava
entender o comportamento em termos do funcionamento da mente, com ênfase na
motivação e no papel da experiência passada, baseada nos preceitos da teoria psicanalíticas)
como forma de psicose que se manifestava na infância, apresentado na literatura
em estudos clínicos, geralmente atendidos por psicanalistas. Assim, os manuais
diagnósticos da década de 1950 denominavam o autismo como Reação
Esquizofrênica do Tipo Infantil, e não como uma categoria diagnóstica
estabelecida a partir de critérios descritivos.
Apenas na terceira edição
do Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais é que se percebe
o distanciamento da abordagem psicanalítica e o surgimento de uma entidade
nosográfica do autismo.
A edição seguinte trouxe o
termo Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD), no qual o autismo parecia
incluído entre outras subcategorias. Os TGD consistiam naqueles transtornos que
eram geralmente diagnosticados pela primeira vez na infância, como deficiência
intelectual ou TDAH, mas que envolvia a presença de sintomas na interação
social, comunicação e a presença de comportamentos e interesses restritos e
estereotipados. Havia cinco subcategorias do TGD, sendo elas (cada qual com a
sua diferenciação interna):
·
Transtorno Autista;
·
Transtorno de Asperger;
·
Transtorno de Rett;
·
Transtorno Desintegrativo da Infância;
·
Transtorno Global do Desenvolvimento sem Outras Especificação.
Apesar de ter especificado
melhor as particularidades do autismo, essa forma de entendimento gerava muitos
impasses entre clínicos. Havia a indistinção entre as subcategorias cujas
características se sobrepunham, dificultando a escolha do diagnóstico
exclusivamente por uma delas. Conclui-se, então, que a classificação no formato
categórico era inapropriada, sendo preferível a abordagem como um espectro
único, cujas características variam ao longo de um continnum. A nova
forma de entendimento poderia refletir melhor a apresentação dessas
características, como elas apareciam no decorrer do desenvolvimento e as respostas
das intervenções, o que resultou na adoção da terminologia Transtorno do
Espectro Autista (TEA).
Enquanto o diagnóstico dos
TGD era baseado em uma tríade de características na interação social,
comunicação e comportamentos, os TEAs passaram a incluir duas: comunicação
social e os comportamentos, isso por entender comunicação e interação
social como indissociáveis, separadas anteriormente por meras questões
didáticas. As dificuldades sociais recebe destaque nesse formato em que todos
os três critérios para a comunicação social agora devem ser preenchidos, e não
apenas metade dos itens da comunicação e um quarto dos itens da interação,
conforme propunha o DSM-4.
Em meados de 2013, a
Associação Americana de Psiquiatria (APA, 2013) propôs novos critérios
diagnósticos para o TEA por meio da publicação do O DSM-5. Um dos objetivos
dessa reformulação foi corrigir falhas identificadas na versão anterior do
manual quanto à definição dos subtipos do transtorno, sendo que tal compreensão
contribuía para o aumento de diagnósticos incorretos.
Segundo o DSM-5 (APA,
2013/2014), o autismo deve ser entendido como um espectro, uma ampla gama de
variações relativas à presença ou ausência das características e do nível de
gravidade do acontecimento dentro de um mesmo diagnóstico. Em função dessa
adversidade, passou a ser chamado de Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Conforme o DSM-5, as dificuldades em estabelecer interações sociais de
comunicação podem acarretar problemas no desenvolvimento de repertórios e na
aprendizagem de novos comportamentos, especialmente aqueles usualmente
aprendidos na convivência com os colegas.
Por fim, o Transtorno de
Rett, o Transtorno da Infância e o Transtorno Global foram retirados dos TEA no
novo DSM-5. Assim, a versão mais atual do DSM-5 descreve as características
centrais do autismo como pertencentes a duas dimensões: a Comunicação Social e
o Comportamentos. A primeira descreve/enfatiza os aspectos qualitativos da
reciprocidade socio-emocional, ou seja, o modo como se desenvolve a interação.
No autismo, a abordagem social se apresenta de forma atípica ou idiossincrática,
como nos casos em que a criança toma a iniciativa de manipular o cabelo de
desconhecidos por interesse na textura, ou aproximando excessivamente sua face
do interlocutor para falar. Além disso, a conversação tende a se mostrar
deficitária em qualidade e influência, em virtude, especialmente, da redução do
Compartilhamento de interesses, emoções e afeto.
A integração entre as
habilidades de comunicação verbal e não verbal tende a estar dessincronizada ou
atrasada, o que contribui para que a interação comunicativa seja difícil de ser
compreendida pelo interlocutor. A pessoa com autismo pode revelar uma história,
porém sem a utilização de recursos comunicativos não verbais, como expressões
faciais ou gestos. Estes últimos são decisivos para que o interlocutor
interprete o que é mais relevante no relato e qual o significado afetivo da
conversa, pois oferece pistas sobre o duplo sentido de determinadas palavras ou
expressões, por exemplo.
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