Habilidades em Mindfulness


 

Antes de entrarmos nas habilidades em mindfulness, vale mencionar que há quatro principais habilidades que são trabalhadas na DBT, sendo elas subdivididas em dois grupos: Habilidades de Aceitação e Habilidades de Mudança. 

Em Habilidades de Aceitação encontram-se as técnicas de mindfulness e tolerância ao mal-estar. Já em Habilidades de Mudança têm-se as técnicas de efetividade emocional e regulação emocional.

Será dada ênfase, entretanto, à técnica mindfulness (de atenção ao momento presente) o que diz respeito aos acontecimentos internos e externos do paciente, no treino de observação consciente e descritiva das situações. Com isso,  a DBT vem abordar o equilíbrio entre aceitação e mudança ao se reconhecer a tensão dialética as quais são estabelecidas entre esses dois pólos, onde se tem como eixo central a prática de mindfulness. Porém, esses ambientes invalidantes, citados por Cordioli (2019), tratam-se de ambientes onde há a presença sistemática de respostas que são erráticas, inapropriadas, emitidas pelos pais e/ou cuidadores, ao julgarem de forma negativa, ao longo do desenvolvimento dessa criança, as experiências vividas por ela, tais como suas emoções, pensamentos e sensações. 



Sendo assim, entra então a prática de mindfulness que vem contribuir como:  



[...] uma forma de aproximar a pessoa do que ocorre na experiência, discriminando-se as situações externas de seus pensamentos, muitas vezes condicionados automaticamente, para que, a partir daí, haja a possibilidade de lidar de forma diferente com o que acontece (CORDIOLI, 2019, p. 39).



Mediante ao exposto, ao se trabalhar essa técnica no site terapêutico, o psicólogo poderá ensinar novas estratégias a fim de que seu paciente possa responder de maneira mais habilidosa. 

Marsha também adotou a Teoria Biossocial  (para maiores informações, ver ANEXO A), isso porque tal modelo ajuda na “compreensão da desregulamentação emocional”. Assim, ela acredita que isso tem como pressuposto a existência de uma interação entre “uma disposição biológica” do indivíduo à uma “vulnerabilidade emocional associada a um ambiente invalidante”, onde ambos “se impactam mutuamente”, ocorrendo, por fim, “uma aprendizagem deficiente para lidar com as situações” os quais está inserido. Assim, há um impacto mútuo entre ambos, ocasionando com isso uma aprendizagem deficiente deste ao lidar com as situações (CORDIOLI, 2019, p. 39).   

A esse respeito, Cordioli (2019) acrescenta que se deve ao trabalhar com as habilidades em mindfulness:



  • Observar: não julgar o ambiente interno, somente olhar para a experiência constantemente no presente, com o objetivo de entender o que está acontecendo.

  • Descrever: habilidades de expressar o que foi observado, sem manifestar julgamento, com a função de informar aos outros aquilo que foi observado.

  • Participar: envolver-se na atividade que está fazendo de maneira integral, com a mente presente.

  • Sem julgar: simplesmente descrever os fatos sem pensar em “bom” ou “ruim”, “justo” ou “injusto”. Essa forma ajuda a expor seu ponto de vista de maneira eficaz sem acrescentar um julgamento que pode gerar discordância.

  • Com atenção: manter a mente no que está ocorrendo ou sendo feito, sem se deixar desviar por emoções.

  • Efetivamente: é simplesmente fazer o que funciona, sem obstinação com ideias ou senso de justiça.  (CORDIOLI, 2019, pp. 218, 219).  




A esse respeeito, Marsha traz “o treinamento de habilidades da DBT, o qual inclui o mindfulness, regulação emocional, tolerância ao mal-estar e aceitação” onde se tem como objetivo o engajamento e o direcionamento deste indivíduo para que o mesmo possa usufruir de uma vida mais valiosa, com consciência do que acontece à sua volta e, assim, podendo manter “o equilíbrio dialético entre as situações que se pode modificar e aquilo que necessita de aceitação ativo”, tudo isso “por meio do fortalecimento de habilidades para lidar com eventos da vida” (CORDIOLI, 2019, p. 39).

Desta feita, as estratégias de mindfulness auxiliam no tratamento do indivíduo ao aproximá-lo da experiência por ele vivenciada ao discriminar “as situações externas de seus pensamentos, muitas vezes condicionados automaticamente”. A partir disso, o indivíduo pode, então, aprender a lidar de forma totalmente diferente com o que está ao seu redor. Para tal, faz-se necessário o ensino de “novas estratégias” a fim de que possa “responder de forma mais habilidosa”. Com isso, serão trazidos dois exemplos práticos, sendo o primeiro da aplicação do mindfulness em âmbito corporativo.(CORDIOLI, 2019, p. 39).

Este tema é de suma importância, tendo em vista que promover um ambiente de trabalho saudável tem sido desafiador para as organizações que buscam uma boa prática organizacional e a promoção do bem-estar. O meio corporativo tem passa a cada dia por transformações que mobilizam o coletivo e individual, despertando sentimentos complexos do que se é esperado do trabalho, considerando ainda a vida pessoal do indivíduo, família e despertando questões psicológicas como o estresse, somatizações, burnout dentre outros (MARCUS & LISBOA, 2O15). 

De acordo os autores:


No contexto do trabalho e organizacional, os principais temas na atualidade envolvem qualidade de vida no trabalho, desempenho e produtividade, reflexão e aprendizagem, liderança, relacionamento interpessoal, saúde, estresse, resiliência e retenção. Este trabalho apresenta a relação do mindfulness com o contexto laboral, através de várias pesquisas que mostram os efeitos da atenção plena com a satisfação no trabalho, desempenho, engajamento nas atividades, redução de estresse e exaustão emocional, relacionamento interpessoal, melhor capacidade de avaliação, entre outros (MARCUS & LISBOA, 2O15, p.13).



Ademais, contextualizando que a terapia DBT visa tratar pacientes com intensa desregulação emocional, comportamentos suicidas, condutas autolesivas e Transtorno de Personalidade Borderline (TPB). Mediante a isso, será apontado duas vivências com paciente em tratamento terapêutico individual semanal, e que apresenta intensa desregulação emocional e ansiedade.

É pertinente que o terapeuta comportamental dialético utilize-se de outros recursos a fim de favorecer a compreensão do paciente, ajudando-o a promover mudanças, como por exemplo, o uso de metáforas, filmes, músicas, artes e a prática de Mindfulness (SOUZA, 2017).



REFERÊNCIAS


CORDIOLI, A. V. Psicoterapias: Abordagens atuais. 4a ed. Porto Alegre: Artmed, 2019.

LINEHAN, Marsha M. Terapia cognitivo-comportamental para transtorno de personalidade borderline [recurso eletrônico] Tradução Ronaldo Cataldo Costa; revisão técnica Melanie Ogliare Pereira - Porto Alegre: Artmed, 2010.


___________________. Treinamento de habilidades em DBT: manual de terapia comportamental dialética para o paciente. 2. ed. – Porto Alegre: Artmed, 2018.


MARKUS, Patricia M. N; LISBOA, Carolina S. M. Mindfulness e Seus Benefícios nas Atividades de Trabalho e no Ambiente Organizacional. Revista da Graduação (2015). Disponível em: 

 <https://revistaseletronicas.pucrs.br/index.php/graduacao/article/view/20733>. 

Acesso em 10 de mar. 2023.


SOUZA. Tamires Pimentel.  Compondo a paleta de cores: o uso de metáforas e outros recursos criativos em DBT. Portal. Comporte-se. Psicologia & AC. 2017. Disponível em: <https://comportese.com/2017/01/18/compondo-paleta-de-cores-o-uso-de-metaforas-e-outros-recursos-criativos-em-dbt/#:~:text=Uma%20das%20met%C3%A1foras%20mais%20utilizadas,refor%C3%A7ar%20comportamentos%20de%20passividade%20ativa>. Acesso em 11 mar. 2023.



 ANEXO - A



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